Saúde Mental na maturidade e sua manutenção relacionada à familia e a comunidade produzindo resultados eficientes e duradouros.
Um estigma que o idoso enfrenta diz respeito sobre como a sua saúde mental é vista. Preconceitos expressos em termos como “velho gagá” e “velho pancada” são reflexos do desconhecimento sobre o que são as mudanças no envelhecimento. O que se percebe e desafia as pesquisas científicas, no entanto, é que, à medida que a longevidade aumenta, mais lúcidos os idosos se mantêm.
Questões envolvendo a saúde mental, como a solidão, que acarreta tristeza e que é provocada, muitas vezes, pelo isolamento e abandono, também são disparadoras da depressão, da ansiedade e de outras doenças comuns para os idosos, como a demência, o Alzheimer, a esclerose, os problemas de ordem cardíaca e circulatória e a diabetes. É notório, também, que no contexto pandêmico, em que o isolamento obrigatório resultou na diminuição de contatos e das atividades sociais, aceleraram-se, em alguns casos, estados depressivos, uma das sequelas desse novo tempo. Além das perdas que causam sofrimento e luto, como as de cunho social que envolvem familiares, amigos, emprego, lazer, entre outros.
Há mudanças cognitivas, no processamento de informações, na atenção e na memória, causadas muitas vezes pela inatividade. Assim como sentimentos causados pela solidão, pelo abandono e pelos medos, sendo o da morte o maior deles. Esses estados psicossociais e emocionais por vezes manifestam-se no corpo, com sintomas como insônia, perda de apetite, falta de vontade de iniciar quaisquer atividades, baixa autoestima ou mesmo negação do autocuidado.
A representação preconceituosa sobre o envelhecimento retira a possibilidade de manter ou criar espaços de participação do idoso no trabalho, na sociedade ou até mesmo na família, tolhendo, muitas vezes, sua autonomia até para a tomada de decisão sobre sua própria vida.
Na reconfiguração das relações familiares o que se percebe é a ocorrência de situações dissonantes, em que ora os filhos são extremamente dependentes, econômica e emocionalmente, dos seus pais (que estão envelhecendo), ora os filhos, em decorrência das demandas da vida cotidiana e do mundo do trabalho, têm se afastado do cuidado e da atenção necessárias a eles.
É preciso autoconhecimento para que o idoso identifique sinais que apontem a necessidade de buscar ajuda médica, psicológica ou de uma rede de apoio. Assim como conhecimento sobre envelhecimento saudável e doenças causadas pela idade, e observação dos familiares e amigos sobre eventuais mudanças nos padrões de comportamento de seu ente querido. Como fator protetivo, por exemplo, está a manutenção de cuidados com o corpo, a mente e as relações sociais e espirituais, que são fundamentais para que o idoso valorize suas experiências e esteja preparado para as novas mudanças em sua vida.
Todas as atividades, principalmente as em grupo, são essenciais para a qualidade de vida. O ser humano deve buscar novas aprendizagens ao longo de toda sua jornada, despertar interesses por novas atividades, como movimentar o corpo por meio de danças ou exercícios, conhecer novos lugares e cuidar da alimentação. É preciso optar por aquilo que gera bem-estar, e com isso valorizar a sua VIDA!
O bem viver (ser feliz) depende da intensidade de experiências que você se dispõe a realizar, em qualquer época de sua vida, portanto ter saúde mental é ter saúde por viver em equilíbrio com corpo, mente, espírito, família e sociedade.
Por Raphael Di Lascio e Claudia Cobalchini 22/07/2022 10:21 – Gazeta do Povo
Deixe uma Resposta